quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Academia: um ensaio antropológico

Tá, não pretende ser um ensaio, está longe disso. Longe até demais. Academia, definitivamente, não é para mim.

Hoje estive em uma academia lotada de corpos malhados, abdômens e bíceps definidos circulando pelos corredores de vidro, como manequins vivos estampando os últimos lançamentos em uma vitrine de uma loja de roupas fitness.

Agora que escrevi esse parágrafo inteiro de clichês (convenhamos que vários best-sellers, inclusive brasileiros, adorariam copiar), vamos ao meu ensaio:

Fui lá fazer uma avaliação médica. Esta academia funciona como uma matriz: é grande e tem salinha de médico. Depois do médico falar que meu coração está bonzinho, aproveitei que estava com minha roupa fitness, mas com um corpo nada vitrinesco, para fazer uma esteirinha básica.

Só que a sala de esteira estava ocupada. Era hora de uma aula de running (corrida, em termos alienígenas). Mas algumas esteiras estavam vagas. Chamei atenção do professor, através do vidro (você ainda não acredita que a academia tem paredes de vidro, né), e pedi para usar uma das esteiras. E já deixei claro que não ia correr.

Ele topou e me deixou quieta no meu canto. Quer dizer, quieta mais ou menos.

A música estava ensurdecedora. Sério, meus tímpanos doíam. E era cada bizarrice atrás de outra: Lady Gaga, er... E afins (não sei o nome deste povo que toca esta música agitadíssima).

No meio da música, o professor assobiava. Como se fosse a final do Flu. E ele fosse torcedor do Flu. Aí a música acabava. E ele abaixava o som. Depois aumentava e era uma música pior ainda cheia de tunk tunks e fuó fuó, piriririri e ti ti ti ti ti ti. Chaaaaato...

As caixas estavam viradas para as paredes. Eu fiquei imaginando como é que aquele monte de vidro e espelho não quebra.

Então, deu nove e meia da noite e a aula acabou. O professor começa a soltar pérolas:

- Agora sim. Cadê as gorda? Cadê? As gorda? Tão onde? Onde elas estão a uma hora destas? Na Bella Paulista! Na Deôla! Comendo bolo! Comendo pizza! Tudo perguntando: gente, como é que vocês têm este corpo?

Uma aluna (nem preciso falar sobre o corpo dela) diz:

- É Deus, hAahHaHaAhahAHAha.

- É Deus e o professor aqui! Não quero nem saber, hein! Só quero que vocês coma alface e água! Nem gelatina light eu deixo vocês comer! Tchau!

E saiu da sala. A música acabou. Só eu ouvia o nhec nhec da minha esteira. Paz.

Um comentário:

Maria Cristina disse...

Mala, se te consola, na minha academia os professores são iguaizinhos... ficam com esses "fiu fiu" irritantes... rs

O jeito é por um fone de ouvido e ficar zen kkk bjos